Migalhas chamadas de amor

Quando é que a gente começou a se sustentar com migalhas? Eu não sei se é besteira minha ficar pensando nisso, mas quando eu penso, vejo que talvez seja necessário. Parece que quanto mais o tempo passa, mais fica difícil ter relações verdadeiras.

Todo mundo é tão rude e tá com tanta pressa de viver suas próprias vidas que esquecem do outro. E a gente se acostuma. Se acostuma a ser tratada como inferior, a não ganhar sorrisos e elogios. Por isso, quando a gente encontra um cara que faça tudo isso, que repare na nossa existência e que nos dê o mínimo de atenção e gentileza, já logo o classificamos como amor da nossa vida. Pera lá, esse não era pra ser o mínimo que ele poderia fazer? Ser educado e tratar as pessoas bem não era pra ser o básico?

Isso me veio na mente quando, só por um cara ser gentil comigo, eu fiquei pensando que talvez - sabe-se lá por que - ele seria a pessoa que eu estava procurando. Tudo bem que eu faço mais o tipo romântica e sonhadora, mas isso também é demais. Ficar a fim de alguém porque essa pessoa é educada? Qualé, a gente merece mais que isso.

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Eu acredito numa coisa. Quando a gente se acostuma a viver desse jeito, o normal acaba se tornando essa realidade ruim, e se algum carinha vier com gentilezas é o suficiente pra nos encantarmos. A gente tem que parar. Se contentar com as migalhas não é saudável. Nos faz achar que merecemos migalhas mesmo, que esse é o nosso melhor, o ápice da nossa vida. Mas não. Você, eu, nós não merecemos nada menos do que o melhor do que a vida tem a oferecer, e isso não tem nada a ver com fantasiar um príncipe encantado. Tem a ver com encontrar alguém com quem você realmente se sinta em paz e bem, simplesmente por essa pessoa ser quem ela é, além das características básicas - ser gentil e atencioso.

Não fique com alguém porque essa pessoa te oferece isso, e sim porque seu mundo ao lado dela fica incrível, algo que só ela possa te oferecer. E se ela só puder te oferecer migalhas, bom, que elas sustentem outra pessoa, mas não você.